As perturbações relacionadas com o consumo de álcool
Sendo o consumo do álcool algo socialmente aceite e fazendo parte da vida social das comunidades ocidentais, em certas circunstâncias, quem sofre com esta adição é visto pelo senso comum como uma pessoa com um carácter mais fraco e que cede ao vício, quando o poderia perfeitamente evitar, tivesse a força de vontade necessária para o fazer.
A introdução e o consumo de álcool
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 3 milhões de pessoas, isto é uma em cada 20 e sobretudo homens, morreram em 2016 devido ao consumo abusivo de álcool, o que se traduz em 5.3% das mortes mundiais. [1]
Os autores de Alcohol Use Disorders, Stephen A. Maisto, Gerard J. Connors e Ronda L. Dearingo, referem que o consumo de álcool começa por volta dos 14 anos e o abuso desse consumo acontece geralmente durante a adolescência e até por volta dos 30 anos, sendo que, aqueles que experimentam menos consequências do consumo de álcool depois desta idade, raramente desenvolvem uma dependência. [2]
Precisamente porque o consumo é largamente aceite e até culturalmente bem visto numa grande parte dos países ocidentais, pode ser, por vezes, difícil identificar quem já desenvolveu a dependência de quem dizemos que bebe socialmente.
A dependência do álcool
É importante distinguir entre "consumo", "consumo indevido ou abuso" e "dependência". Segundo a OMS, o consumo refere-se a qualquer ingestão de álcool e o termo de baixo risco refere-se à ingestão de bebida dentro dos limites legais e orientações médicas e não resultará em problemas relacionados com o álcool. O consumo indevido ou abuso é um termo geral para qualquer nível de risco, desde o consumidor de risco até dependência do álcool. [3]
A dependência alcoólica é um conjunto de sintomas que afetam de diferentes formas quem sofre com ela e o diagnóstico só deve ser feito se três ou mais sintomas foram experimentados ou exibidos em algum momento nos doze meses anteriores:
- Consumo em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido.
- Desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso de álcool e forte desejo ou necessidade de o consumir.
- Muito tempo gasto em atividades necessárias para a obtenção de álcool, no consumo de álcool ou na recuperação de seus efeitos.
- Consumo recorrente de álcool, resultando no insucesso, no menor desempenho, ou no abandono de atividades importantes no trabalho, na escola, em casa ou noutras situações sociais ou recreacionais.
- Consumo continuado de álcool, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus efeitos.
- Consumo recorrente de álcool em situações que representam perigo para a integridade física, por exemplo, conduzindo.
- Consumo de álcool apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pelo álcool.
- Tolerância e abstinência, definida pela necessidade de quantidades progressivamente maiores de álcool para alcançar a intoxicação ou o estado desejado. Devido à dessensibilização o efeito é acentuadamente menor com o consumo continuado da mesma quantidade de álcool e desta forma, há necessidade de maior consumo como forma de aliviar a privação em relação à mesma.
O consumo excessivo e a dependência de álcool afetam não só aquele que sofre com este problema, mas também as pessoas que os rodeiam, podendo, por exemplo, aquele que sofre desta adição gastar o orçamento familiar em álcool, provocar discussões, ignorar os filhos e prejudicar, de outras formas, a saúde e a felicidade das pessoas que os rodeiam.
Publicações do grupo Hogrefe
Caso tenha interesse em aprofundar como pode o álcool afetar quem o consome, em diversas circunstâncias ou fases da vida, e como pode afetar as pessoas que rodeiam quem tem este problema ou que têm contacto com esta realidade, a editora comercializa alguns títulos que abordam esta temática:
Notas
[1] Informação disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/alcohol>[2] Maisto, Stephen A., Connors, Gerard J., Dearingo, Ronda L., Alcohol Use Disorders, Hogrefe & Huber Publishers, 2007
[3] Informação disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/alcohol>
Bibliografia
Organização Mundial de Saúde. (2018). Alcohol – Key facts. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/alcohol
Organização Mundial de Saúde. (2018). Global status report on alcohol and health 2018. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/274603/9789241565639-eng.pdf?ua=1
Maisto, S, A., Connors, G. J., Dearingo, R. L. (2017). Alcohol Use Disorders, Hogrefe Publishing.
American Psychological Association.
(2014). DSM 5 - Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais,
Climepsi Editores.
Sem comentários:
Enviar um comentário